segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Da revisão de textos - Parte I

Quem me conhece, sabe: tenho uma atitude, por vezes, um tanto obssessiva com algumas coisas, e isso é mais evidente quando vou escrever algo. Por conta disso, normalmente me candidato (ou, às vezes, sou eleito) para revisar os trabalhos da faculdade.

Durante a vida acadêmica, nos deparamos com MUITAS oportunidades de exercitar nossa habilidade de expressão escrita e, como estudante, não fujo à regra; é uma infinidade de resumos, resenhas, trabalhos, provas... é praticamente impossível fugir deles. Com o advento do final do ano, tenho trabalhado em muitos desses, e foi daí que surgiu a idéia deste post.
Fiquei responsável pela revisão do trabalho final do estágio deste ano e terminei de fazê-lo há pouco; mas vamos por partes (como o IceTruck Killer) - afinal, o que é 'revisão'?

Chamo de revisão o ato de ler outra vez o que foi escrito, buscando possíveis erros de ortografia, concordância, pontuação... esse tipo de item, considerado chato pra caramba por alguns (na verdade, pela maioria). É uma tarefa inglória, especialmente quando se revisa um texto que OUTRA pessoa escreveu; pense bem, você está buscando defeitos na produção de outra pessoa, e isso nem sempre soa simpático, embora quase sempre se tenha consentimento para fazê-lo. Por outro lado, é preciso ser muito criterioso ao revisar um texto próprio; é uma tendência natural, inconsciente, que nossos próprios erros passem despercebidos; por vezes, é até impossível executar a tarefa, especialmente quando estão em jogo regras desconhecidas. Você não vai encontrar um erro de ortografia, se não souber como determinada palavra é escrita, por exemplo. Na sua cabeça, AQUELE é o modo correto de escrever, e pronto.
Sendo um assunto delicado, a pergunta é "Por que revisar?". E a resposta é "para se obter um texto de qualidade". Quando se escreve algo, normalmente se leva em consideração o Conteúdo (aquilo sobre o que se está escrevendo, o assunto) e a Forma (a maneira como o Conteúdo é apresentado); a expressão de suas idéias tendem a seguir a linha de seu pensamento, e ele não costuma se ater muito às regras da escrita formal. Ou seja, ao elaborarmos um texto, costumamos nos ater mais ao Conteúdo que à Forma. Lembra das redações que fazia na escola? Algumas pessoas tinham mais facilidade em elaborar um tema (quando era dito "Tema Livre", isso costumava me desagradar um pouco...), enquanto outras, mais facilidade em escrever sobre um tema proposto pelo professor. Na avaliação do texto, eram (ou deveriam ser) levados em consideração os dois critérios mencionados. Onde quero chegar é: do que adiantaria um tema muito interessante/original, se a redação está mal escrita?
Óbvio que o critério de maior peso na avaliação depende da finalidade para qual o texto foi redigido, mas as alternativas não são mutuamente excludentes. Assim, para um conto, cujo objetivo é entreter, é de extrema importância que o Conteúdo seja bem elaborado, atrativo, mas de nada adiantaria o tema mais original do mundo se a redação estivesse péssima, cheia de erros de ortografia e concordância. Alguns leitores poderiam apreciar a obra pelo seu caráter de entretenimento, apenas, mas outros tantos leitores, mais exigentes, certamente dariam pouca atenção ao nosso criativo e desleixado escritor. Você daria atenção a algum texto onde se vê coisas como "ezame", "amisade" ou "a gente, se possível, gostaríamos de entrar"?

(continua na Parte II)
[e quaisquer erros neste post comprovam que nenhuma revisão é infalível!]

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