domingo, 11 de dezembro de 2011

Na trilha da Evolução

"Simplicidade traz conceito, pura coletividade
Eu represento a minha cidade com responsa e orgulho sim
Herói eu nunca fui, mas eu nunca vacilei
Se nunca vacilei não é agora que vai ser

Cansado de esperar, eu fui e fiz acontecer
De vagabundo a gerador de empregos, pode crer
Pode crer que é assim que tem que ser
Pra nossa vida melhorar o povo tem que parar de sofrer

Obstinação e o pensamento forte
É essa a base de um guerreiro de estilo nobre
Eu digo paz e evolução para o meu povo pobre
O pensamento coletivo que aqui explode

Filho de guerreiro, a família vem primeiro
A rua me educou e me formou um verdadeiro
Eu vou que vou, vou com fé, vou com determinação
Sangue nos olhos no caminho da evolução!"


(CBJr., 'Só pra vadiar')

sábado, 10 de dezembro de 2011

Meta de leitura

Por enquanto, me ocupando de Análise do Caráter (W. Reich) e Várias Histórias (M. de Assis)...

sábado, 10 de setembro de 2011

A ilusão da uniformidade


E o que acontece quando você não se enquadra?

Simplesmente não se enquadra: não usa as roupas que todo mundo usa, não ouve as músicas que todo mundo ouve, não vê os filmes, não lê as revistas, não compra os sapatos, não tem o mesmo emprego, não faz os mesmos programas, não tem os mesmos afetos (e desafetos). E aí?

Temos tendência a buscar fazer parte, o que talvez possa ser uma manifestação do instinto gregário do ser humano: se pensarmos em termos evolutivos, nossa espécie sobreviveu graças a uma formidável capacidade de adaptação às vicissitudes do ambiente imediato e à organização social. Aliás, o que chamamos de instinto gregário, a necessidade de vinculação a outros indivíduos, é claramente notado enquanto determinante da sobrevivência quando se observa um bebê humano - absolutamente indefeso contra grandes ameaças e incapaz de prover sua sobrevivência por si mesmo. Por motivos diferentes, mas também de maneira bastante clara, observa-se uma acentuação desse impulso (digamos assim) na adolescência - sempre em grupos (turmas, gangues, guetos, entre outros nomes), sempre buscando "iguais", num caleidoscópio de identificações. Tendo, então, uma origem tão remota e repetindo-se em uma idade tão diversa, pode-se postular que é uma força de importante magnitude em nossa vida, mesmo em outras fases que não estas citadas.

E percebemos que tem mesmo, em níveis cada vez mais complexos da nossa vida: a criança quer pertencer à família para ser amada, o adolescente quer pertencer ao grupo para partilhar suas angústias, o adulto quer pertencer à sociedade mais ampla para ser reconhecido e respeitado... todos esses objetivos são intercambiáveis e podem ocorrer concomitantemente a outros, menos óbvios. Mas o desejo de fazer parte é a força motriz de uma série de comportamentos, nem sempre saudáveis.

E nos defrontamos então com a busca desenfreada pela uniformidade: cirurgias de lipoaspiração e implantes de silicone, a multiplicidade das escovas progressivas ou dos babyliss, o desejo de comprar o melhor tênis ou celular, curtir os mesmos artistas, saber a letra e a coreografia do último funk "proibidão". Ouvimos "preciso ser mais magra, mais descolada, mais loira, mais divertida, mais pegadora, mais feliz". Quando não se pode atingir o estado desejado (originalmente ditado pelo grupo ao qual quer se filiar), vemos a baixa autoestima, a depressão instalada, a sensação de fracasso.

Na vertente oposta, vemos os movimentos de contracultura, a oposição aos valores estabelecidos; a vontade de fazer diferente, não igual a todo mundo. Para isso, tomam por referência negativa as demandas do grupo social dominante, desprezando-as de modo mais ou menos incisivo. E para fazer frente ao poderio do status quo social o que os integrantes desses movimentos fazem? Um prêmio para quem pensou que eles se agrupam.

Em todo caso, existe a angústia de não fazer parte. E não fazer parte, nossos ancestrais aprenderam, é talvez um risco de morte; por nossa vez, também aprendemos muito cedo que não pertencer pode significar um risco real à integridade física e emocional.

Um problema decorrente disso é a frustração de não ser igual. Terminamos em uma busca infinita pela massificação de nossas ações e pensamentos apenas pelo desejo de ser igual, porque ser igual significa pertencer. Acontece que isto não é verdade, por vários motivos. O primeiro deles é que a própria ideia de que ser igual é possível - a igualdade absoluta é ilusória. Pensando logicamente podemos perceber claramente o quanto somos formados por experiências, ideias, caracteres genéticos/biológicos, núcleos familiares e um sem número de outros fatores todos muito particulares. Nenhum outro ser humano sobre a terra será constituído pelos exatos mesmo fatores.

(...)


[Reflexões e um texto inacabados de meses atrás]

domingo, 14 de agosto de 2011

Vontade

Olhando pela janela do trem, que segue em alta velocidade, muitos pensamentos me vêm à mente. Talvez sejam, ainda, resquícios da avalanche de sentimentos que me acometeram quando da despedida na estação, há pouco mais de duas horas. Minha família costuma apoiar todas as minhas decisões, mas desta vez as coisas tomaram proporções que ninguém esperava.

Sair daquela cidade, onde passei toda a infância, e ir para outra, tão distante e desconhecida, causava certo mal estar em todos; em mim, inclusive. Espere, talvez "mal estar" não seja expressão exata. Mas a insegurança, acredito, deve ser parte integrante e natural de todo este processo.

Enquanto vejo a noite cair sobre a vegetação que margeia os trilhos e vejo as luzes da cidade, ao longe, se acendendo através da janela do vagão, penso em quanta coragem foi necessária para tomar a decisão. Assim que comuniquei a todos o que eu faria, fiquei me perguntando se não teria sido uma decisão leviana, tomada por impulso. Afinal, embora a perspectiva do que me aguarda (se der tudo certo) seja bastante animadora, as chances das coisas não funcionarem do jeito que espero são grandes. Bem, é evidente que são grandes: muito da nossa vida está à mercê das vicissitudes do que nos cerca. Muito, mas não tudo. Hmmm, ok, pelo menos 50%.

Se metade depende dos desdobramentos do que nos cerca, do que depende a outra metade? Analisando com um pouco de calma, agora eu diria que é da vontade. Nossas escolhas, mesmo que não percebamos seus efeitos imediatos, ou sequer consigamos imaginar possíveis consequências, afetam tudo que acontece em nossa vida. Isso pode ficar infinitamente complexo, se eu adentrar pelos meandros das teorias espiritualistas. Mas o fato é que tudo que nos afeta depende de nossas escolhas, e escolhemos com base em nossa vontade. Vontade, com "V" maiúsculo, no caso.

Minha vontade é crescer, expandir meus limites, conhecer. Eventualmente essa vontade seja o motivo básico de todas as grandes decisões em minha vida. E, se essa noção estiver correta, talvez explique porque as coisas têm funcionado tão bem até agora. A preparação, a escolha da cidade pra onde vou, comunicar a família, comprar passagem. Arrumar as malas. Reservar hotel. Tudo funcionando em sincronia, se encaixando.

Não fosse uma decisão - deixar o que eu conhecia para trás - nada disso estaria acontecendo. Sei que ainda há muito pela frente, muitos desafios; embora eu queira muito, não consigo prever todas as variáveis. Não consigo imaginar o que acontecerá.

Mas vou me apegar ao que tenho. Sabendo onde quero chegar, vou ajustando o curso conforme for caminhando. Rumo a minha Vontade.

terça-feira, 8 de março de 2011

Can anybody?

Can anybody find me somebody to love?

Each morning I get up, I die a little
Can barely stand on my feet
(Take a look at yourself) Take a look in the mirror and cry
Lord, what you're doing to me?
I have spent all my years in believing you
But I just can't get no relief, Lord
Somebody (somebody) ooh somebody (somebody)
Can anybody find me somebody to love?

I work hard (he works hard) everyday of my life
I work till I ache my bones
At the end (at the end of the day)
I take home my hard earned pay all on my own
I get down (down) on my knees (knees)
And I start to pray (praise the Lord)
Till the tears run down from my eyes
Lord, somebody (somebody) ooh somebody (please)
Can anybody find me somebody to love?
(He wants help)

Every day - I try and I try and I try -
But everybody wants to put me down
They say I'm goin' crazy
They say I got a lot of water in my brain
Got no common sense
I got nobody left to believe
Yeah - yeah yeah yeah
Ooh

Somebody (somebody)
Can anybody find me somebody to love?
(Anybody find me someone to love)
Got no feel I got no rhythm
I just keep losing my beat (you just keep losing and losing)
I'm OK, I'm alright (he's alright, he's alright, yeah yeah)
Ain't gonna face no defeat
I just gotta get out of this prison cell
Some day I'm gonna be free, Lord

Find me somebody to love find me somebody to love
Find me somebody to love find me somebody to love
Find me somebody to love find me somebody to love
Find me somebody to love find me somebody to love
Find me somebody to love find me somebody to love
Somebody, somebody, somebody, somebody, somebody
Find me, somebody find me somebody to love
Can anybody find me somebody to love
Find me somebody to love
Find me somebody to love
Find me somebody to love
Find me find me find me
Find me somebody to love

Somebody to love
Find me somebody to love...

Reverência eterna aos compositores e intérpretes de algumas das melhores músicas de todos os tempos.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Jornada

Eu estava sozinho em casa. Preferia assim.

Pedi a todos que me deixassem arrumar minhas coisas sozinho. Seria uma boa oportunidade para separar o que realmente me seria útil na viagem e o que poderia ser doado ou jogado fora. Na verdade, eu sabia que o processo de separar todas aquelas roupas e objetos me traria muitos pensamentos e, principalmente, lembranças. E era por causa disso que preferia estar sozinho.

Eu havia passado toda a minha infância naquela cidade. Conhecia a maior parte das pessoas que moravam perto da nossa casa, bem como era conhecido por todos os amigos dos meus pais. Na vizinhança, havia muitas crianças mais ou menos da mesma idade, então mesmo o percurso até a escola era feito na companhia de conhecidos. Evidentemente eu não tinha muitas amizades, mas me virava bem com relação a isso – embora a fama de esquisitão tenha me seguido durante alguns anos.

Engraçado lembrar o quanto isso me incomodava. Não conversava muito com eles, mas mesmo assim essa imagem que tinham de mim me desagradava. Hoje, anos depois, consigo perceber que não fez nenhuma diferença o que pensavam de mim.

Agora eu tenho um objetivo, e essa é mais uma razão para me tornar diferente da maioria. Desde que decidi fazer esta viagem, ouvi repetidas vezes sobre as dificuldades que encontraria pelo caminho, ou mesmo para sair do lugar. Talvez seja porque, por aqui, as pessoas estejam acostumadas a ficar: no mesmo lugar, com as mesmas ideias e os mesmos confortos. É inegável que seria muito mais fácil ficar aqui, onde tudo é conhecido, onde eu poderia ter um futuro absolutamente previsível.

Nesta cidade, após terminar o colégio você pode encontrar um emprego simples, desenvolver atividades simples durante todo o dia, voltar para casa à noite cansado, mas orgulhoso de suas contas pagas com o suor do seu trabalho. Quem sabe construir um patrimônio modesto, casar-se e ter filhos. Simples.

Eu pensava diferente. Queria conhecer lugares, pessoas, fatos... essa curiosidade, essa vontade de explorar sempre foi minha característica mais marcante, desde criança. Sabe aquele menino que adoraria saber como o brinquedo funciona, procurando os parafusos e as engrenagens? Então, era eu. Até perdi a conta de quantas vezes montei e desmontei esse carrinho... lembro perfeitamente quão intrigado eu ficava, vendo essas luzinhas piscando e ouvindo o barulho do pequeno motor que o movia. E as pilhas? Como será que as pilhas faziam para que ele funcionasse? Bem, o carrinho fica para doação. Tomara que outra criança possa brincar e, quem sabe, descobrir a magia de entender como ele funciona.

Estas roupas aqui também ficam. Vou precisar de uma quantidade muito maior de roupas do que essas que estou levando, mas se quiser carregar todas terei de fretar um vagão inteiro do trem para me levar embora. Foi uma ótima ideia pedir para minha mãe não estar aqui, ela certamente iria querer que eu levasse tudo, nem que tivessem de ser comprimidas a vácuo para caber na mala. Embora, claro, tenham sido necessários pelo menos quatro dias para convencê-la, junto com os outros, a me esperar na estação.

Acho que é isso. Encontrei muito mais coisas do que achava que seria capaz de caber neste quarto. Olhando pela janela, consigo ver o quintal de casa, as plantas cultivadas com tanto esmero pelos meus pais. Vou sentir saudades de vê-las, de abrir a janela de manhã e sentir a luz invadindo o quarto e me ajudando a acordar. Vou sentir saudades de uma porção de coisas, na verdade.

Agora, é só levar essas caixas para a sala. Depois eles decidem o que será doado e como jogar fora todo o resto que não será reaproveitado. Também preferi não ter muita participação nestas decisões – assim evito o impulso de resgatar um ou outro objeto... me apegar a eles, neste momento, não me ajudaria em nada.

Pego minha mala, olho uma última vez para o quarto. Parece tão vazio sem os objetos que ficavam espalhados por aí, sobre os móveis. Melhor fechar as portas do armário para diminuir um pouco esse ar de desolação e vazio. Já será difícil o bastante para eles sem isso.

Hora de ir, então. O trem partirá daqui a uma hora, melhor não me atrasar.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Da série "Citações..."

"It's time to bring this ship into the shore and throw aways the oars..."


- Can't fight this feeling, Glee Cast version







"É hora de trazer este barco para a costa e jogar fora os remos..."